quinta-feira, 16 de julho de 2009

Disparates

Diz-me cá sem vaidade
Quantas estrelas há no céu
E também se é verdade
Haver noivas sem véu.

Se tu queres saber então
As noivas que o Mundo tem
As casadas já não são
E as solteiras mais de cem

Se tu és um contador
E andas sempre a contar
Diz-me cá por favor
Quantos peixes há no Mar?

Contar os peixes no Mar
Eu não posso ir ao fundo
Nem tão pouco juntar
Todos que há no Mundo

As estrelas estão no céu
As arvores estão na terra
Há noites da cor de breu
E o Sol a luz fizera

Eu gostava de saber
Quantas arvores há verdinhas
E já prontas a comer
Quantos bagos dão as vinhas

No Mundo há muitas estradas
E rios a correr para o mar
Há animais em manadas
E muitas aves a voar

Quantos são os rios
Que correm cá na terra
Se sabes diz quantos pios
Canta a coruja na serra

Gostava de ver a dormir
De trabalhar a descansar
Também de chorar a rir
E estar parado a andar

Com as pernas a voar
De costas subir a serra
Ir a pé pelo Mar
Destruir barcos de guerra

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Quadras Soltas

Foi 25 de Abril em Portugal
Dia da Revolução Nacional
Do poder entregue ao Povo
Feito por valentes Capitães
Alegria de pais e mães
Sorrindo neste país novo

Gosto do dia claridade
E da noite escuridão
Adoro a sinceridade
Que alegra o meu coração

Vejo de noite o luar
E a claridade do dia
Vejo o pobre a cantar
Em contagiante alegria!

A parreira dá a uva
A uva não dá parreira
Também a mulher viuva
Nunca mais será solteira

Gosto do dia claridade
Adoro na noite escuridão
Gosto muito da sinceridade
Que trazes no coração

Se não sabes porquê
Que tens que viver na Ilha?
Porque tens um olho que vê
E uma mão que pilha!

Mais me valia morrer
Que viver nesta tristeza
Ter vontade de comer
E, não Ter nada na mesa

O que meu pai dizia era real
Confirmava-o a minha mãe
Que ninguém faça o mal
À espera de receber o bem

Quem nunca entrou na escola
Para aprender a ler
Não desenvolveu a tola?
Ficará assim até morrer

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quadras Soltas

Com martelada patética
Sem guerra e sem coice
Dizem que a União Soviética
Perdeu o martelo e a foice

Para serem bons artistas
É preciso muito tacto
Por isso os comunistas
Estão a sair do buraco

Aonde estão as amplas liberdades?
De um regime dito tão correcto
Será que tudo eram verdades
Ou as mentiras chegavam ao tecto?

Percorri longa estrada
Antes de ser reformado
Agora não faço nada
Quero estar descansado

Fazer quadras que alegria
Feitas por este pateta
Mas, com esta porcaria
Como poderei ser poeta?

Porque ando sempre a pensar
Já não oiço cantar o cuco
Qualquer dia se calhar
Até vou ficar maluco?

Só me sinto satisfeito
Quando faço simples quadras
Que ficam sempre sem jeito
Quando ao meu lado tu ladras

Quando faço poesia
Fico alegre e contente
Porque a minha filosofia
É chatear muita gente

Quando faço poesia
Não para ganhar dinheiro
Pois a maior alegria
É atiçar o rafeiro

Eu, qualquer dia até morro
Isso de certeza não irá falhar
Deixo cá muito cachorro
Uns a ganir, outros a ladrar

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O flagelado Largo D.Pedro I

Porque pareces com medo
Vais abrir um buraco
Lá no Largo D. Pedro
E, guardas a terra no saco?

Eu apenas quero alertar
Já que tanto assim obrigas
Para uma guerra nuclear
A Glória, já tem ogivas?

Mas o Marco que é devoto
Leal e bom amigo
Diz que vem o terramoto
E a rampa serve de abrigo!

Quem assim tanto esgravata
Algo irá descobrir…
Nesta arquitectura abstracta
Que nos dá vontade de rir!

Este inventor é astuto
E tem um grande caco
Para levantar o Pau – Luto
Já não é preciso o Macaco…

É uma velha história
Não vi outra como esta
Certamente a nossa Glória
Irá ter uma grande Festa?

Cuidado com as confusões
Mas isto tudo espanta
Ter uma rampa de foguetões?
Mesmo defronte da Santa!

Ó Virgem mãe das alturas
Não nos dês esse castigo
Tira do largo as Viaturas
Porque elas correm perigo

Mas tu que não és parvo
Só apareces muito depois!
Quando chegares ao largo
Arruma os Carros de Bois?

Já que chegou o Maioral
Para apartar o gado?
Vou pôr um ponto final
No triste conto acabado!

MAS ATENÇÃO

AFINAL E PARA CUMULO
EU DESCOBRI O SEGREDO!
QUE AQUILO É TUMULO
DO NOSSO REI D.PEDRO !

SE A MEMÓRIA NÃO FALHAR
É MESMO NO SÍTIO DO MASTRO!
AGORA SÓ PRECISAMOS ARRANJAR
LUGAR PARA A : INÊS DE CASTRO!

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Corridas das Estrelas? Fenómeno Men - Tereológico?

O dia 12 de Agosto, foi um colosso
Deixou o Universo em alvoroço
Com gente de cabeça ao léu
Todos olhando para o Céu
Espreitando as estrelas Cadentes
Que não estiveram presentes
Velhos e Novas, Novos e Velhas
Para verem a passagem das estrelas
De olhos postos no firmamento
Não falhando um só momento
Para as poderem localizar
Parecia o Concurso “Cabeças no Ar”
Noite sem dormir, que maçada
Ninguém conseguiu ver nada
A Meteorologia fez manha
Aos que subiram a Montanha
Num percurso penoso e duro
O melhor local era o escuro
Para uma operação bem sucedida
Usufruir de uma festa apetecida
Em todo o Mundo correu gente
Mas só viram a estrela Cadente
Foram muitos Milhões à procura
Foi uma autêntica loucura
Por isso toma conta bom Português
Não vais cair outra vez
Muito cuidado com o arrebitar do nariz
Disto quem sabe é Deus, mas não o diz
São fenómenos de eterna natureza
Esta é a inconfundível certeza
Muita atenção e respeito e preciso
Com coisas sérias temos que ter juízo
Repara que és muito pequenino
Comparado com a grandeza do Divino!

Depois de tudo acabado, sorri
Ficou a desolação, sem planos
Aquele fenómeno, eu até vi
E, são passados, sessenta anos.

1933 Outubro, segunda-feira


Glória, 13 de Agosto de 1993